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O melhor da infância por Daniel Pinto Gomes
No primeiro dia: a brincadeira. Nascido em Fortaleza no dia 31 de dezembro de 1982 e registrado natural de Sobral nascido em 01 de janeiro de 1983, sobre a confusão dos fatos lembro-me de quando morávamos eu, minha mãe e minha avó no edifício São Pedro, ou castelo de Grayscow, na Rua Ararius, Praia de Iracema, era assim como chamávamos aquele prédio histórico tombado pelo município. As competições de comilança nas festas de aniversário, as desventuras e maus assombros daquele labirinto vertical, os pregos de elevador, quedas pelas escadas, pega-pegas malucos, esconderijos secretos e literalmente quebrando vidraças; apertando campainha e saindo correndo; vi primos maiores jogando ovo em ônibus, fumando escondido; judiei do grande Spartacus, de primas de maior idade puxei os cabelos, refiz amizades, tive fobia de ficar aprisionado entre porta e parede pelos primos mais velhos; brinquei de gato mia, de teatro e ali ganhei meu primeiro futebol de prego, depois construí vários outros. Vi eclipse lunar nas escadarias da igreja, me falaram de lobisomem, loura do banheiro, me apaixonei pelas mulheres mais velhas e tive medo da figura que era o Bobó. No Aterrinho da nossa atual prefeita, quebrei vidro de pipoqueiro desenvolvendo minhas lambanças no futebol, andei de bicicleta, brinquei de corrida de tampinha, cavei buracos pros outros cair, dei mergulhos no Espigão, e de lá também, com minha mãe assisti uma competição de BodyBoard a noite, haviam grandes refletores clareando toda a praia. Em Quixadá, lá no tio Douglas eu brinquei com sapo, escutei os grilos, mergulhei em açude, deslizei pelas valas de lama na chuva; lá me falaram de saci, da caipora, vi o bumba-meu-boi, a Galinha choca, brinquei nos currais, vi a brincadeira do pau cagado, conheci Tamarindo e tive medo do Valdo. Na casa do tio Ivan em Sobral brinquei de bila na pracinha do quartel, de bicicleta, de Jô atrepa, fizemos enterro de um pinto, perambulei pelo mercado, fizeram-me medo sobre o véi do saco e tomei banho no Buraco da Véa na serra da Meruoca. Viajei para o Crato na carroceria da D-20 do Tio Odécio, cuspimos pra cima, nos melamos e morri de frio à noite. Aprendi a fazer bola de meia com Tio Marcus. Fomos morar no Álvaro Wayne quando eu tinha 10 anos, larguei a mamadeira daí conheci a rua horizontal, aqui brinquei de correr pelos telhados, de guerra de chiploc, de sardinha, de pular macaca, de futebol de botão, de chinela, de bola d'água, de esconde-esconde, de banco imobiliário, de castanha, de vôlei, de cruzamento, de cascudim, de soltar raia e correr atrás delas; arranquei cabeça do dedo jogando bola na rua, criei peixes, pássaros e soldadinhos; assisti perplexo o assassinato de pássaros cometidos pelo Pito bom de mira na baladera; divulgamos a perna cabeluda, comíamos castanholas e quebrávamos as luzes dos postes; roubei e colecionei cabeças de pito de ferro, de plástico, de pressão, de Scania e de tirar válvulas; também colecionei latas, tomei muito banho de bica e desmontei e montei bicicletas várias vezes; fui aos jogos do Fortaleza, pulei na TUF; criávamos QG's em casas abandonadas, brincávamos de gangue e de pichar muros.
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