Meu personagem infantil preferido

 
 

A personagem que escolhi é Mafalda. Para mim, representa duas forças infantis: a inquietude e a coragem. Suas falas lembram um pouco a “rabujentice” necessária aos espíritos inquietos, aquelas pessoas que conseguem nos colocar uma pulga atrás da orelha. A doçura e suas travessuras me animam pelo fato de não termos que abandonar nossa vontade de perguntar e interrogar sobre tudo. Vejo ai muita graça!!!

 
 

O melhor da infância por Érica Atem Gonçalves de Araújo Costa

Nasci em Teresina, terra de muito calor. Fui estudar aos 18 anos em Fortaleza e hoje trabalho em Sobral, terra conhecida também pelo clima quente. Os amigos brincam que estou no meio do caminho. Foi em Teresina que vivi momentos marcantes da minha infância. Lembro do meu quarto de brinquedo, onde se passava a melhor brincadeira de supermercado. Tudo sem tanta arrumação e todo tipo de cacareco. Tenho duas irmãs e um irmão. As brincadeiras de boneca compartilhei mais com a irmã mais nova. Adorava brincar de aniversário, mesmo que a festa fosse o menos importante. O bom era a preparação. Há muito o que lembrar desse tempo: a quitanda da Malhada de baixo, fazenda da minha tia em Joaquim Pires, os jabutis enormes em que subíamos lá. Incrível! Ainda por lá, conheci os pavões. Era maravilhoso ver todas aquelas penas coloridas e poder brincar. Vê as ajudantes da minha avó cozinhar era maravilhoso. Gostava de ver coisas como limpar a galinha, a carne. Talvez por que fosse muito longe da possibilidade de eu fazer aquilo. A vovó Maricota nos dava farinha para fazer as comidinhas, assim como arroz. Os retalhos eram outra atração e o cheiro do quarto onde ficavam guardados de repente reaparece ao escrever e relembrar. Em Teresina, lembro das vizinhas amigas com quem jogávamos jogo da vida detetive, baralho... Da minha escola, os episódios são muitos: a ida a pé para a escola para comprar picolé de cajá, o esconderijo atrás da sala de balé, o bicho-pau em que não deveríamos pegar, brincar de homem pega mulher. Ah! Alguns personagens: o menino que comia cola, a menina que escrevia diferente, os que tiravam sempre nota 10 e iam para o quadro. Hoje entendo um pouco que marcas eram essas. Naquele momento, a vida na escola era alegria: pular elástico, trocar figurinha, torcer para a mãe chegar tarde para pegar. Considero que essas lembranças compõem muito do que sou e posso ser. A imaginação é algo que adoro exercitar, embora desejasse ter muito mais técnica e menos vergonha para isso. Gosto de me deixar levar pela ideia que infantil é ter potência criadora, é o vibrante exercício do encanto e estranhamento. Fazer inícios, inventar, como dizem alguns. Isso é o que há de lúdico na experiência de existir e se fazer todo dia um pouco diferente. Hoje vivo o encantamento da maternidade e aguardo a chegada da Maria Eduarda, com quem espero viver muitas travessuras.

 
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Erica Atem

 
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Érica Atem Gonçalves de Araújo Costa

 
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Professora Adjunta do curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (Campus Sobral).

Graduada em Psicologia pela UFC. Monografia de Graduação: Dos saberes psicológicos e sua discursividade acerca da infância. CURSO DE PSICOLOGIA DA UFC / 2001.

Dissertação de Mestrado: Elementos para uma genealogia da Subjetividade Infantil Contemporânea, a partir da análise dos discursos crítico-científicos sobre a infância. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA DA UFC /2006.

Tese de Doutorado: Com que diferenças se fazem adultos e crianças: uma analítica das identidades escolarizadas. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA DA UFC /2015.

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