Meu personagem infantil preferido

 
 

O personagem que escolhi foi a adorável Mafalda, do cartunista argentino Quino. O autor, utilizando-se do universo infantil, renova as formas de se interrogar o mundo em que vivemos e, assim, desnaturaliza o instituído (aquilo sobre o qual de tanto que não é mexido já deixou assentar muita poeira).

 
 

O melhor da infância por Fátima Vasconcelos

Banho de açude, banho de chuva (de biqueira), banho de mar e banho de cachoeira. Essas são as melhores jornadas que lembro ter feito na infância. Essas atividades eram sempre em companhia dos meus pais, irmãos, primos, vizinhos e amigos e representavam momentos de alegria, troca, partilha e grande distenção para todos, posto que se constituíam em programas que implicavam o deslocamento das pessoas, um período longo de tempo, a organização das refeições, descanso e transporte. Como isso não era comigo, o que guardo de lembrança é apenas o divertimento. Se estava cansada, alguém me punha no colo. Se tinha fome, alguém preparava minha refeição ou nos deliciávamos colhendo caju, manga, mangaba, oiti coró, jambo, goiaba e araçá (um pé de goiabeira infantil de fruto pequenino e meio doce, meio amargo). O cenário em que fiz minha aparição no mundo, era de uma pequena comunidade da zona da mata pernambucana (apenas 29 famílias) situada numa reserva Florestal do IBAMA, chamada Saltinho, devido um pequeno Salto de água (daí banho de cachoeira) formado pelo Rio Mamucaba (daí banho de rio), a 10 Km da praia de Tamandaré (daí banho de mar), importante marco histórico da luta contra a invasão Holandesa em Pernambuco. Brinquedos eram raros, mas não faziam a menor falta (não havia mídia para produzir esse fenômeno). Ocupava todo o meu tempo livre (em que não estava na escola) em brincadeiras de faz-de-conta, cujos suportes eram plantas, animais e frutos. Assim, ministrei aulas de matemática para filas de macaxeira e para os gatos selvagens, que insistiam em deixar a sala logo que eu lhes dirigia a palavra. Com meu irmão, enfrentei perigosas viagens em balançantes diligências, em meio a tiroteios contra índios, e Sr. Manoel, que nos oferecia carona no carro de boi, reclamava muito desse barulho. Também fiz viagens de avião, tanto nacionais quanto internacionais, nas imagens de publicidade da VARIG, das páginas de “O CRUZEIRO”. A sorridente tripulação convidava para o vôo trajando um uniforme assemelhado ao usado pelos militares da aeronáutica (isso já foi considerado fashion). O mundo fashion sempre me encantou. Desfilei para as melhores Grifes lúdico-imaginárias, vestindo toalhas de mesa, lençóis e colchas de cama, desfiles que o meu cachorro Tupi assistia enfastiado. Esses contratos só foram rescindidos quando entrei para o ginásio.

 
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Fátima Vasconcelos

 
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Maria de Fátima Vasconcelos da Costa

 
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Líder do grupo de pesquisa LUDICE. Professora Associada IV do Programa de Pós-graduação em Educação Brasileira da UFC, lotada no Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação da UFC. Membro do grupo de pesquisa LINGUAGEM, PRÁTICAS CULTURAIS E CIDADANIA.

Graduada em psicologia pela UFPE / 1978.

Dissertação de Mestrado: Trabalho infanto-juvenil: problema ou solução?  PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA DA UFC / 1994 (bolsista CNPq).

Tese de Doutorado: Jogo simbólico, discurso e escola: uma leitura dialógica do lúdico. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA DA UFC/PARIS XIII / 2001 (bolsista CNPq-CAPES).

Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (Agosto/2015 à Julho/2016)

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