Meu personagem infantil preferido

 
 

Florzinha é uma das Meninas Superpoderosas, personagem de desenho animado. infantil.

 
 

O melhor da infância por Georgia Albuquerque de Toledo Pinto

O personagem que escolhi para me representar foi a Florzinha, a ruiva das meninas superpoderosas. Eu não escolhi esse personagem sozinha, aceitei a dica de minha sobrinha de 4 anos que, desde que começou a assistir esse desenho, me trata como a florzinha. Ela realmente acredita que eu, sua mãe e sua madrinha somos as meninas superpoderosas. Não iria deixar de lado a sabedoria de uma criança, que tem um poder de análise tão aguçado quanto o de um adulto. Afinal, quem sabe de desenho é ela e se ela vê características parecidas resolvi conhecê-las. O que mais me chamou atenção nessa personagem foi o fato de aparecer sempre com suas irmãs. Ela é a líder das três e a primeira que ganhou poderes especiais. Eu sou a mais velha de três irmãs e, querendo ou não, sempre servi de modelo para as duas outras. Acredito que, assim, como as superpoderosas, eu não teria tanto poder se estivesse sozinha, aliás, o que eu faço só dá certo por que minhas irmãs, com suas diferenças (vocês não imaginam quantas) me complementam. Vygotsky explica muito bem essas situações de interação que geram potencialidades ainda não desenvolvidas, através de seu conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal. Como temos formas diferentes de resolver os problemas, às vezes nos estranhamos. Em muitos episódios a Florzinha fica muito mandona e acaba irritando a Lindinha e a Docinho, mas depois se desculpa por isso. Isso também é muito recorrente em minha vida, ainda estou aprendendo a lidar melhor com esse papel de liderança, afinal ser líder da equipe não é tarefa fácil. Em condições normais não sou líder, mas quando a situação aperta e é preciso de alguém para coordenar as ações, eu acabo tomando a frente e assumindo esse papel. Eu nunca havia pensado nisso, mas parece mesmo um superpoder, pois não tenho essa personalidade de (nem mesmo o desejo de ser) líder, mas assumo esse papel quando a situação assim o exigir. Assim como florzinha, sou muito batalhadora. No que diz respeito a ser a mais esperta das três acredito que não seja bem assim, pois sem ajuda das outras duas eu não conseguiria fazer muita coisa. Acho que essa característica, assim como outra não pode ser colocada em uma das três apenas, pois somente quando os poderes se somam são transformados em superpoderes, assim como a Gestalt diz: o todo é maior que a soma das partes. Outro aspecto da Florzinha que tem muito haver comigo é sua luta pela verdade e pela justiça. Como a Florzinha ainda tem seis anos, ela inda acredita nesses conceitos, nessa idade eu também lutava bravamente por esses ideais, hoje, aos 31 anos, me reservo ao direito de questioná-los. Com certeza não acredito que exista uma verdade, nem mesmo uma só justiça, mas ainda luto para que o mundo (ou, pelo menos eu) aprenda a conviver com as diferenças. Sou psicóloga formada pela Universidade Federal do Ceará. Desde o primeiro ano de minha graduação fiz parte do NUCEPEC, núcleo de extensão da psicologia que ampliou minha visão de mundo. Em 1999, ingressei no mestrado em psicologia cognitiva pela Universidade Federal de Pernambuco e, atualmente, estou fazendo doutorado em educação brasileira pela Universidade Federal do Ceará. Desde meu ingresso, fui muito bem acolhida pelo grupo de pesquisa LUDICE que, através de seus membros, vem ampliando minhas potencialidades, ou melhor, me dando superpoderes. Nossas reuniões me dão forças para prosseguir nesse caminho. Um pouco de memória... Nasci em São Paulo, e em meio a prédios e asfalto a interação com o verde acontecia no parque Ibirapuera no qual podia correr tranqüila, foi lá onde aprendi a andar de bicicleta empinar pipa, ouvir os pássaros cantarem sua preocupação com a poluição mesmo assim, não via a hora de arrumar minha mala e viajar para o Ceará. Talvez essa seja a sina de todo o Nordestino que vai para o Sul morrer de saudades de sua terra Natal principalmente pelo calor de nossa terra calor que nos lembra o aconchego do útero materno. Adorava ver o mar, sentir aquela água quentinha. Adorava subir no pé de siriguela da casa do meu avô. E no pé de goiaba da casa da Tia Fransquinha. O amor dos primos, sempre tão distantes. Que me fazia ver que minha família era gigante. Aproveitar a lavagem da varanda e escorregar, apenas com um pequeno impulso na parede. Poder correr (ou mesmo apenas andar sozinho) nas ruas. Dava uma sensação de liberdade... E o cheiro do chichete Ploc que meu avô comprava... Minha infância foi feliz a volta pra São Paulo também era boa. Podia até brincar de aeromoça dentro do avião... Em meio ao cinza de São Paulo, Havia muitas crianças e a interação com elas, permitiria oferecer um arco-íris àquela cidade. Só dependia de nós... E na brincadeira, a vida podia ser do jeitinho que a gente quisesse. E era linda.

 
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Georgia Albuquerque de Toledo Pinto

 
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Graduada em Psicologia pela UFC, mestre em Psicologia pela UFPE e doutora em Educação Brasileira pela UFC. Professora da Faculdade Estácio FIC.

Dissertação de Mestrado: Noções pré-algébricas para crianças no início do ensino fundamental: uma experiência possível.  PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA COGNITIVA UFPE / 2001.

Tese de Doutorado: Sentidos do lúdico na educação infantil: dos dispositivos institucionais aos modos de fazer. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA DA UFC /2009.

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